A Origem Resumida - Toda A Verdade Parte 2
Não me lembro da primeira vez que ouvi rap. Em miúdo cantava o refrão do “Não Sabes Nadar”, dos Black Company, mas sem fazer ideia o que era ou o que representava.
No 5º ano ouvi pela primeira vez Eminem, na aula da música, e, sinceramente, não causou grande impacto. “É fixe, tens que ouvir o resto do CD com atenção!”, garantiu-me o meu amigo, e não foi preciso mais para me convencer. O meu pai lá me arranjou o álbum, o “Marshall Mathers LP”, que gravei para uma cassete (sim, porque ainda andava com o walkman de um lado para o outro) e fiquei viciado. Ouvia e voltava a ouvir, o dia todo, todos os dias. O flow, o jogo de palavras, a atitude… Não demorou muito tempo a conhecer pessoal que partilhava o mesmo vicio e me deu a conhecer outros artistas e outros estilos: americanos, franceses, tugas.
Aos 13 anos escrevi a minha primeira letra. Não me lembro sobre que era ou como era, apenas que a apaguei 5 minutos depois de a escrever. Achei ridícula a ideia de tentar fazer algo assim, algo que pensei não estar ao alcance de qualquer um. Quem me julgava para tentar fazer algo semelhante a eles? Mas a vontade de escrever, de encaixar palavras em sequências perfeitas e, principalmente, de me exprimir, não desaparecia.
Então escrevi…e escrevi…e escrevi. Passei de escrever no quarto, de porta fechada, para escrever nas aulas, em vez de ouvir os professores. Nos intervalos, com os meus amigos, em vez de apenas repetirmos as rimas das musicas que conhecíamos, começamos a debitar o que escrevíamos. Nas aulas passávamos papeis com rimas uns aos outros, a picarmos-nos, em jeito de battle, ou, lado a lado, improvisava-mos até já não sabermos mais o que dizer. (sim, eu não era um aluno muito dedicado)
Eventualmente comecei a brincar com loops e a gravar sons. Sonhava-mos em viver do rap mas, correndo o risco de soar muito clichê, não me lembro de ser motivado pela fama e dinheiro que isso poderia trazer. A minha cena sempre foi criar, escrever, exprimir-me…e isso manteve-se até hoje.
Até já
Até já